Edição 56 da Casa de Criadores apresenta coleção impactante de Nalimo

“Falamos sobre proteger a floresta, mas quem a protege não está protegido”, diz a estilista Day Molina, momentos antes do desfile da Nalimo. É que, nesta temporada, a fundadora da marca presta homenagem a Chico Mendes, o líder sindical e ambientalista assassinado em 1988 por fazendeiros que se opunham a sua luta em defesa da Amazônia. 

O timing não poderia ser mais pertinente: há nove dias, o Congresso Nacional aprovou um projeto de lei que enfraquece as regras de licenciamento ambiental no país. A proposta, que aguarda sanção ou veto presidencial, afrouxa as normas que definem quando, como e por quem essas licenças são concedidas. Resumidamente, facilitam a exploração de áreas preservadas.

Na coleção criada por Day Molina, nada é literal. Um traço forte no estilo da Nalimo é a rejeição de quaisquer caricaturas sobre o que é a região amazônica e a cultura de seus povos originários. Nas roupas desta estação, os contornos dos rios se transformam em bordados de sementes de pau-brasil. Corsets e golas altas removíveis são feitos de couros de pirarucu e tilápia. Retalhos de tecido viram bolsos exagerados, aplicados em coletes que remetem ao vestuário dos seringueiros.

Alguns desses elementos vêm da pesquisa contínua da estilista. Outros nasceram dos dez dias que ela passou na Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, junto à família do ativista. Foi ali que ela mapeou matérias-primas nos mais de um milhão de hectares preservados, como o látex que aparece em vestidos texturizados e em pulseiras de marchetaria de papel.

By Núcleo Beleza

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