O Grupo Corpo celebra seus 50 anos com Piracema, espetáculo que estreia nesta quarta-feira (13.08) em São Paulo, com ingressos já esgotados. Para conceber a coreografia, os irmãos Rodrigo e Paulo Pederneiras, coreógrafo e diretor artístico, pouco deram importância à data. “Essa é uma demanda externa, mas para nós, em cada novo espetáculo é como se nossa vida estivesse em jogo, pois a angústia e os riscos são os mesmos”, diz Paulo à ELLE.
Na estreia de Cassi Abranches como coreógrafa residente do grupo, Paulo propôs que ela e Rodrigo desenvolvessem coreografias separadamente, sem se espionarem. Cada um ficou responsável por um grupo de bailarinos, e somente após uma assistir à peça do outro é que começaram a trabalhar juntos. “Foi um modelo completamente novo. Mesmo existindo várias parcerias coreográficas, não conhecemos ninguém que tenha feito algo tão maluco como isso”, diz Cassi.
LEIA MAIS: Grupo Corpo reencontra o público dançando conforme a pandemia
Durante todo o processo, eles cogitaram uma apresentação que preservasse as duas criações, pois acharam que não iria funcionar. “Seria mais fácil e tranquilo”, pondera Rodrigo.
Embora Cassi tenha sido bailarina do Grupo Corpo por mais de uma década e tenha assinado a coreografia de Suíte Branca, a surpresa de Rodrigo ao ver a criação dela foi enorme. Enquanto os gestos dele eram mais fechados, os dela eram mais amplos, o que acabou sendo complementar.
O conceito da piracema surgiu durante o processo e representa a história do grupo mineiro, segundo a dupla. “Quando começamos a entender a quantidade de coreografia, movimento e cena, percebemos que a piracema é a quantidade de peixes nadando contra a correnteza para chegar a algum lugar”, resume Rodrigo.
LEIA MAIS: Grupo Corpo comemora 45 anos de história e descobre como dançar em outros palcos.
O coreógrafo vê nos cardumes o futuro do Grupo Corpo e considera a entrada de Cassi como o recomeço da história. A estreia em São Paulo indica que esta seria sua última viagem com o grupo. “Já queria abrir espaço para essa moça há muito tempo. Tenho 70 anos e não tenho mais muito tempo”, diz.
A trilha sonora de Clarice Assad, com momentos tribais, clássicos e eletrônicos, desafiou Rodrigo, que brinca serem “três balés com dois coreógrafos”.
Cena de Piracema
Foto: Jose Luis Pederneiras
O cenário do espetáculo, com mais de 82 mil tampas de latas de sardinha que remetem à textura de escamas, por pouco não foi descartado por Paulo. Após muitos estudos, o projeto se mostrou viável e envolveu três turnos de produção com equipes de cerca de 25 a 30 pessoas ao longo de dez dias.
Piracema será apresentado ao lado de Parabelo, espetáculo de 1997 com trilha de Tom Zé e Zé Miguel Wisnik, em uma escolha conectada com os 50 anos da companhia. “Essa obra nos representa”, diz Paulo.
LEIA MAIS: Anna Muylaert fala sobre violência doméstica e amor materno em A melhor mãe do mundo
Piracema: de 13 a 24.08 no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. Ingressos esgotados.
de 27 a 31.08, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte
de 18 a 21.09, no Rio de Janeiro
Mais informações aqui