A popularidade do penteado puxado para trás com gel não é novidade, e a internet está repleta de tutoriais ensinando como recriá-lo. Famosas como Zoë Kravitz, Hailey Bieber, Gigi Hadid, Sofia Richie e influenciadoras brasileiras, como Lívia Nunes, adotaram o “slick bun”, ou coque liso, em eventos de moda e tapetes vermelhos. No entanto, a prática frequente desse estilo pode causar danos aos fios, resultando em queda e afinamento capilar ao longo do tempo.
A influenciadora que percebeu falhas no cabelo
A influenciadora norte-americana Ashley LaMarca conquistou 2 milhões de seguidores no TikTok compartilhando tutoriais sobre cabelos ondulados, escovas caseiras e o famoso rabo de cavalo esticado. No entanto, após anos adotando esse visual, percebeu falhas crescentes na parte frontal do couro cabeludo. “Meu cabelo está desaparecendo aqui, acho que estou ficando careca”, relatou em um vídeo de março de 2024. Apesar de estar ciente dos danos e buscar cuidados extras, ela continuou utilizando o penteado, disfarçando as falhas com maquiagem.
A relação entre penteados e a queda capilar
O uso constante de penteados muito presos pode levar à alopecia de tração, uma condição resultante da repetição frequente de força excessiva sobre os fios, tornando-os progressivamente mais frágeis. Além do coque liso, outros fatores podem desencadear essa condição, como o uso contínuo de presilhas, alongamentos, chapinhas, tiaras, tranças e escovas secadoras.
Carolina Fechine, médica da Sociedade Brasileira de Dermatologia e coordenadora da pós-graduação em tricologia do Hospital Israelita Albert Einstein, explica: “Se aquela tração se repete no mesmo local, com a mesma intensidade e por um período prolongado, ocorre uma destruição da haste capilar”.
Casos famosos de alopecia de tração
Um dos exemplos mais conhecidos do impacto desse problema é a modelo Naomi Campbell, que sofreu danos no couro cabeludo devido às exigências da indústria da moda. Segundo o médico Luciano Barsanti, presidente da Sociedade Brasileira de Tricologia, os alongamentos são uma das principais causas de alopecia cosmética de tração, seguidos pelo hábito frequente de prender os cabelos.
“O músculo que fixa o fio de cabelo ao couro cabeludo é muito fino. Qualquer tração excessiva pode lesioná-lo ou até mesmo rompê-lo”, alerta Barsanti.
Como identificar os primeiros sinais
Os primeiros sinais de alopecia de tração incluem fios que começam a nascer cada vez mais finos. Luciano Barsanti explica que muitas pessoas confundem esse processo com novos fios crescendo, quando, na verdade, se trata da atrofia capilar. Outro indício é o recuo da linha do cabelo, dando a impressão de uma testa mais ampla.
A dermatologista Carolina Fechine destaca que outros sintomas podem surgir, como dor, coceira e queimação. Caso esses sinais persistam, é essencial procurar um profissional especializado para avaliação e tratamento.
A alopecia tem cura?
Se identificada precocemente, a alopecia de tração pode ser revertida. Carolina Fechine explica que a inflamação gerada pelo penteado pode ser interrompida, permitindo que os fios voltem a crescer. No entanto, se o problema for negligenciado, pode evoluir para alopecia cicatricial, uma condição irreversível em que os fios não voltam a crescer.
No caso de Naomi Campbell, ela conseguiu recuperar parte dos fios, mas continua sujeita a danos capilares devido à sua profissão. “Alternar estilos de penteado e reduzir a frequência de uso também ajuda”, aconselha Fechine.
Dicas de cuidados capilares
Para reduzir os impactos negativos, Luciano Barsanti sugere algumas práticas para o dia a dia:
Optar por escovas e pentes de cerdas largas;
Evitar trações excessivas ao pentear os fios;
Reduzir o uso de elásticos e grampos que fixam os cabelos com muita pressão.
Produtos também influenciam na queda capilar?
O uso frequente de géis, fixadores e pomadas não é diretamente responsável pela alopecia, mas pode comprometer a estrutura dos fios, deixando-os ressecados e mais propensos a quebras. Além disso, produtos acumulados no couro cabeludo podem causar dermatite seborréica, levando a inflamação, vermelhidão, coceira e irritação.
“Quem usa muitos produtos deve aumentar a frequência de lavagem e realizar uma limpeza mais profunda”, recomenda Carolina Fechine.
Outros tipos de alopecia
A queda de cabelo é um fenômeno comum entre mulheres. Embora a perda natural varie de 50 a 100 fios diários, a Sociedade Brasileira de Dermatologia estima que 50% das mulheres podem desenvolver algum grau de calvície ao longo da vida. Além da alopecia de tração, outras formas da doença podem surgir por diferentes motivos e apresentar variados estágios de gravidade.